sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Preconceito estúpido, de alguém que está na função errada.


Aconteceu no aeroporto de Lisboa, no balcão da TAP, no dia 12 de Outubro de 2011.

Uma senhora de 50 e muitos anos, vai ao balcão da TAP e pede uma informação. Após ouvir atentamente a senhora, a funcionária dirige-se a uma colega e relata o que ouviu. Enquanto refaz a pergunta, mostra à sua colega o passaporte da senhora. A colega então diz:
" - É brasileira? Ihhhh você vai ter que fazer um desenho!" 

A seguir, a funcionária volta e explica à senhora o que ela tem que fazer:
" - A senhora desce as escadas, passa pela alfândega, vira à direita.........."

E ela responde:
"- Ah, não sei se consigo chegar lá."

A funcionária da TAP replica:
"- Então a Sra. desce as escadas e quando chegar lá em baixo, pergunta novamente."

Aquela senhora seguiu o seu caminho e não sei se embarcou.


Alguém consegue me explicar, o porquê desta frase? (" - É brasileira? Ihhhh você vai ter que fazer um desenho!")

Quem viu a cena, contou-me que parecia ser uma pessoa que não estava habituada a viajar, que parecia estar confusa e que estava a caminho da Suíça. 

Já viram a confusão naquela cabeça? Estava em um país que não era o seu, ia viajar para outro país onde nem sequer falavam a mesma língua que ela. Mas pensou que se calhar, como estava em Portugal e aqui falam Português (como ela), seria orientada com mais clareza e de uma forma mais amistosa. Que desilusão!

Não estou dizendo com isso, que a funcionária tinha que sair do balcão para levar aquela senhora onde quer que fosse, mas sim, que ela demonstrasse o porquê da sua contratação. O trabalho dela é dar a informação com a maior clareza possível, de modo que a pessoa saia dali completamente esclarecida. Não foi o caso.

É muito triste saber que vivo num país que aprendi a gostar, o país da minha família, que é um país desenvolvido, que tem muita gente amistosa e de mente aberta, mas que infelizmente ainda tem muita gente com mentes tão provincianas, tacanhas e anormais.

Quando é que as pessoas vão deixar de rotular o próximo?

Quando é que deixam de avaliar o outro pelo que ele veste?

Quando é que deixam de avaliar pela nacionalidade, pela cor, pelo sexo, pela opção sexual ou pela cor do cabelo?

A parte boa dessa história da vida real, é que aquela senhora não ouviu o que a criatura da Idade da Pedra disse.

2 comentários:

Alessandra Savaget disse...

É, amiga... é muito triste saber que isso acontece em pleno século XXI, onde as pessoas deveriam ser, no mínimo, respeitadas! Ser brasileiro, português, javanês ou qq outra coisa não é motivo para humilhar o outro... Infelizmente, O fator histórico e cultural de colonizador ainda está presente nesta criatura e em tantas outras iguais a ela que pensam q sabem mais e de tudo! Um dia é ela quem vai precisar de uma informação e vão lhe pagar na mesma moeda, ou pior! Aí já é tarde... É um recalque tremendo esse pessoal mesquinho... Acha q somos burros porque contamos piadas de português (q, em sua maioria, é verdade! kkkkk)? Acha que somos idiotas porque adoramos puxar papo e somos extrovertidos? Acha que toda mulher brasileira é puta porque bota pouca roupa (roupa essa que é supertransada) e gosta de samba? Acha que somos pobres coitados porque vivemos em um país violento e pobre? Acha q queremos sempre passar a perna nos outros pelo famoso "jeitinho brasileiro"? Isso tudo é recalque!!! Tenho sangue luso correndo em minhas veias tb e nem por isso sou assim! Aliás, o meu sangue é vermelho, igual ao de todos os seres humanos! Não sou melhor e nem pior do que ninguém, sou apenas eu! Todos tem defeitos, virtudes, qualidades, independente de onde viemos e estamos... nem por isso valho mais ou menos do que ninguém! Com certeza aprendemos muito com as diferenças e isso deveria nos tornar pessoas melhores! Beijos.

Os dois lados do Atlântico disse...

Hoje, menos indignada, penso o seguinte: Nós somos quem somos e o valor que temos. Como disse a minha amiga Lavínea, os brasileiros também são muito mal educados com os estrangeiros.
Talvez tenha me doído mais, por viver aqui e por me sentir traída pelo país que aprendi a amar. Mas todos os países têm direito a possuir umas bestas. Eu só citei uma, que trabalha no balcão da TAP. Mas com certeza existem outras e elas estão em toda parte. Infelizmente!